quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A primeira dor de amor...


As estrelas me envolviam como jamais havia percebido, a noite brilhava para mim, fria cálida, e triste...
As lembranças das palavras de Cristina corroíam cada fragmento de minha memória, a qual enviava cada lembrança para o pulsar pesado de meu coração, tão frio, cálido e triste como a própria noite. Levantei os dois olhos grandes e redondos para as estrelas, aquelas estrelas que me fitavam e confortavam na noite pálida de primavera. Olhei e, me pus a chorar como nunca dispus-me antes, me pus a sentir as lembranças doloridas de outrora, e fora a primeira vez, então, que apalpei a dor de um amor... a primeira vez, assim, que as lágrimas lastimosas derretiam em minha face como sangue, solvendo histórias que vivi e, que quando acontecidas, pareciam sonhos brilhantes e redondos, tão redondos que me acariciavam de prazer, fazendo-me detectar na vida um doce sabor de felicidade superior... Ah! E como dói a primeira dor de amor... Todos estes sonhos redondos salpicados no chão e, a grande inércia obrigatória que ata nossos movimentos com tal intensidade que se equivale com a própria força gravitacional.
A primeira dor de amor, no entanto, torna-se praticamente uma personagem principal de minha vida. Foi nela, na dor, que pude auto-transparecer meu caráter emocional, e todos os outros alicerces que sustentarão as minhas dores, tão lindas e brutas quanto tantos e todos balbuciados amores que me confortarão nestas noites frias, cálidas e tristes que virão, e irão... assim como o meu amor, assim como minha primeira dor de amor...

domingo, 18 de outubro de 2009

Brilha Bailarina...

À bailaria mais linda e brilhante: Mãe...




Um encanto em forma de beleza,
Era o que enxergava através de seus olhos.
Olhos estes tão azuis como a própria tinta,
Como o próprio céu, que lhe deu de presente olhos de paz.

Pedires um amor, beleza em forma de ti.
Vários amores vieram-lhe, partiram.
Partiram-lhe em mil fragmentos.
Estes mesmos juntavam-se então,
E lhe presenteavam com mais formas tuas.

Formas estas mui formosas e apreciadas.
Formas estas que deslizavam com a leveza de teus pés,
Que dançavam e pareciam presentear-lhe também,
Com o talento de encantar, e pregar-me no rosto sorrisos.

Após diversos presentes que ganhou,
Quis dividi-los em forma de amor.
Presenteou-nos também.
Através de seu sorriso e destas palavras que bailam,
Tão lindas estas quanto teus pés dançantes,
Bailarina dos olhos doces, bailarina de nossos sonhos.


domingo, 11 de outubro de 2009


As minhas pernas onde encontram-se suas pernas esperneiam o resto de amor esperneado que por aqui estapeia os traços de nossa quase vida colidida.

...


terça-feira, 6 de outubro de 2009

Inebriante Carmira




Dói.
Mas, logo passa.
Os ouvidos de Carmira aceitaram as suadas palavras que exalavam daquela face obesa a lhe dizer. Quase sem interesse, os fragmentos de palavras reclamavam nos atordoados ouvidos de Carmira.
Sem graça, nem brilho, bailavam seus pés grandes e envoltos pelas tiras de couro envelhecido. Balbuciando a si os próprios pensamentos, fixava sua dor anavalhada nas labaredas quentes da fogueira que abafavam sua face, a qual sentava bem à frente.
Dói.
Mas, logo passa... eram as únicas palavras que navegavam perante seus olhos quase negros, quase largos e quase sonsos.
Percorreu-lhe, de repente, a farta inconsciência, remetendo-a à realidade. Mergulhada nas profundidades de seus próprios olhos de lagoa escurecida, sentiu o grande trovejar revelador inebriante de seu peito esmagado pelo amor. Claro, havia de ser amor que deixara assim a tristonha Carmira. Ergueu, assim, os braços roliços e fixou toda a sua dor nesta fuga, analisando um ponto fixamente entediante, percebeu ali migalhas sujas de restos da fogueira, migalhas pretas...intensamente pretas. Como um súbito susto, Carmira enxergou sua intensidade de inércia, era mais forte do que a daquela migalha. A migalha ao menos permitia-se ser levada pelo sopro do vento...
A imensidão vermelha pulsando em seu peito, então, sangrava ainda mais, e o inexorável ardido lhe rasgava o peito, o qual gradativamente junto à dor, endurecia e se encavalava feito placas tectônicas, feito uma vida despencada em migalhas restantes de amores... amores balbuciados, é claro.
...

domingo, 4 de outubro de 2009

Ele levou tudo...

-
Há bastante tempo fiz este poema e, particularmente, nem acho mais que ele está bem escrito. Porém, quem quiser ler, aí está.




Quando olhou fundo em seus olhos,
Viu toda a lástima perversa de seus sonhos, caiu.
Caiu um saco grande de areia.
Caíram seus olhos tristonhos.

Poros, unhas, sobrancelha, cabelo.
Cada pequeno centímetro de seu corpo,
Emanavam ódio.
Duvidou. Sofreu... se calou.
Ele levou tudo, levou seu calor.

Em pequenas frações de segundo,
Passava uma vida.
Murcha, desolada. Ele levava a alma.
E ela, Derramava lástimas.
E suas lágrimas derretiam seu corpo... com calma.