segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Minha recente velha amada




Olha, meu amor, vi na folha de cetim,
Seu nome a me chamar, por cantos e cálidos contos.

Invadi nosso caminho
Não sei ao certo o que minha cabeça ama.
Nem ao menos sei o que é amar.

Se te amo como sei o que é amar
Amo-te bem bonito, garanto.
Vejo-te a poesia nos olhos tristonhos
Quando, para mim, se calas, posso ver que não quer calar.

Vai, minha felicidade,
E diga que não sei sem você.

Não sei amar,
Não sei se está certa esta falta de saber.
Porém minh’alma sedenta por vida
Machuca a tua.

Eu só errei por te amar assim errado.
Hoje sou fagulhas em teu amor.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Inconstante poesia...


Quando a poesia me fizer parar de procurar a razão para poetizar-me, poetizarei minha vida além de todos estes rabiscos poetizados, pois um poeta sempre procura algo novo em que possa poetizar sua poesia nesta eterna e inconstante alma poética.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A primeira dor de amor...


As estrelas me envolviam como jamais havia percebido, a noite brilhava para mim, fria cálida, e triste...
As lembranças das palavras de Cristina corroíam cada fragmento de minha memória, a qual enviava cada lembrança para o pulsar pesado de meu coração, tão frio, cálido e triste como a própria noite. Levantei os dois olhos grandes e redondos para as estrelas, aquelas estrelas que me fitavam e confortavam na noite pálida de primavera. Olhei e, me pus a chorar como nunca dispus-me antes, me pus a sentir as lembranças doloridas de outrora, e fora a primeira vez, então, que apalpei a dor de um amor... a primeira vez, assim, que as lágrimas lastimosas derretiam em minha face como sangue, solvendo histórias que vivi e, que quando acontecidas, pareciam sonhos brilhantes e redondos, tão redondos que me acariciavam de prazer, fazendo-me detectar na vida um doce sabor de felicidade superior... Ah! E como dói a primeira dor de amor... Todos estes sonhos redondos salpicados no chão e, a grande inércia obrigatória que ata nossos movimentos com tal intensidade que se equivale com a própria força gravitacional.
A primeira dor de amor, no entanto, torna-se praticamente uma personagem principal de minha vida. Foi nela, na dor, que pude auto-transparecer meu caráter emocional, e todos os outros alicerces que sustentarão as minhas dores, tão lindas e brutas quanto tantos e todos balbuciados amores que me confortarão nestas noites frias, cálidas e tristes que virão, e irão... assim como o meu amor, assim como minha primeira dor de amor...

domingo, 18 de outubro de 2009

Brilha Bailarina...

À bailaria mais linda e brilhante: Mãe...




Um encanto em forma de beleza,
Era o que enxergava através de seus olhos.
Olhos estes tão azuis como a própria tinta,
Como o próprio céu, que lhe deu de presente olhos de paz.

Pedires um amor, beleza em forma de ti.
Vários amores vieram-lhe, partiram.
Partiram-lhe em mil fragmentos.
Estes mesmos juntavam-se então,
E lhe presenteavam com mais formas tuas.

Formas estas mui formosas e apreciadas.
Formas estas que deslizavam com a leveza de teus pés,
Que dançavam e pareciam presentear-lhe também,
Com o talento de encantar, e pregar-me no rosto sorrisos.

Após diversos presentes que ganhou,
Quis dividi-los em forma de amor.
Presenteou-nos também.
Através de seu sorriso e destas palavras que bailam,
Tão lindas estas quanto teus pés dançantes,
Bailarina dos olhos doces, bailarina de nossos sonhos.


domingo, 11 de outubro de 2009


As minhas pernas onde encontram-se suas pernas esperneiam o resto de amor esperneado que por aqui estapeia os traços de nossa quase vida colidida.

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terça-feira, 6 de outubro de 2009

Inebriante Carmira




Dói.
Mas, logo passa.
Os ouvidos de Carmira aceitaram as suadas palavras que exalavam daquela face obesa a lhe dizer. Quase sem interesse, os fragmentos de palavras reclamavam nos atordoados ouvidos de Carmira.
Sem graça, nem brilho, bailavam seus pés grandes e envoltos pelas tiras de couro envelhecido. Balbuciando a si os próprios pensamentos, fixava sua dor anavalhada nas labaredas quentes da fogueira que abafavam sua face, a qual sentava bem à frente.
Dói.
Mas, logo passa... eram as únicas palavras que navegavam perante seus olhos quase negros, quase largos e quase sonsos.
Percorreu-lhe, de repente, a farta inconsciência, remetendo-a à realidade. Mergulhada nas profundidades de seus próprios olhos de lagoa escurecida, sentiu o grande trovejar revelador inebriante de seu peito esmagado pelo amor. Claro, havia de ser amor que deixara assim a tristonha Carmira. Ergueu, assim, os braços roliços e fixou toda a sua dor nesta fuga, analisando um ponto fixamente entediante, percebeu ali migalhas sujas de restos da fogueira, migalhas pretas...intensamente pretas. Como um súbito susto, Carmira enxergou sua intensidade de inércia, era mais forte do que a daquela migalha. A migalha ao menos permitia-se ser levada pelo sopro do vento...
A imensidão vermelha pulsando em seu peito, então, sangrava ainda mais, e o inexorável ardido lhe rasgava o peito, o qual gradativamente junto à dor, endurecia e se encavalava feito placas tectônicas, feito uma vida despencada em migalhas restantes de amores... amores balbuciados, é claro.
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domingo, 4 de outubro de 2009

Ele levou tudo...

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Há bastante tempo fiz este poema e, particularmente, nem acho mais que ele está bem escrito. Porém, quem quiser ler, aí está.




Quando olhou fundo em seus olhos,
Viu toda a lástima perversa de seus sonhos, caiu.
Caiu um saco grande de areia.
Caíram seus olhos tristonhos.

Poros, unhas, sobrancelha, cabelo.
Cada pequeno centímetro de seu corpo,
Emanavam ódio.
Duvidou. Sofreu... se calou.
Ele levou tudo, levou seu calor.

Em pequenas frações de segundo,
Passava uma vida.
Murcha, desolada. Ele levava a alma.
E ela, Derramava lástimas.
E suas lágrimas derretiam seu corpo... com calma.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Triste vida com George Losh



George Losh era um inglês muito comprido e afinado. Os olhos pareciam transbordar ferragens pontiagudas de aspereza e rudez e, quando sorria, o fazia de canto e chegava a ser, até mesmo, contidamente irritante. Conheci-o quando fui à casa da Srta. Smornny, costureira antiga do nosso bairro em Liverton, a procura de uma emenda em meu vestido plissado que, por ventura, rasgara-se no atrito com um prego. Entreguei meu vestido à costureira e, em uma passagem rápida de olho em torna da sala, avistei aquela quase-sombra em forma material a minha frente. George estava sentado com uma postura de tábua e esperava ansioso que a velha costureira lhe entregasse a calça desbotada recente remendada. Não pude decifrar de pronto o que me atraiu naquela estátua em forma de homem. Entretanto, ambos olhávamo-nos furiosamente conectados e, a gentil Srta. Smornny, apresentou-nos...
- Louise...
- George Losh...
Surpreendente como até seu nome irritou-me de tal forma que seria inútil tentar explicar a causa. Em um gentil gesto preocupado, Srta. Smornny ofereceu que George acompanhace-me à minha casa. Fomos... sem trocar palavra alguma além da apresentação. Seus passos eram endurecidos, frios e, sem dúvidas, a presença de George me incomodava. Não obstante, chegando ao portão ele beijou-me - não pergunte-me a razão - sem doçura... molhado demais, caprichado de menos e tão gelado quanto a temperatura de suas mãos que tocavam minha nuca arrepiada de repudia.
Adentrei ao meu refúgio e por ali fiquei, sentindo aquele primeiro beijo tão horripilante e atraente.
Conforme os dias atropelavam-se com as turbulências da Segunda Guerra Mundial, minha freqüência ao lado de fora de minha casa era menor. Sem poder desfrutar ao ar livre de minha juventude, meus olhos fixavam-se aos vidros da janela e, minha única atração, era a imagem nublada daquele homem a contemplar meu rosto através dos vidros. Sim... desde o dia do beijo, ele não saiu dali. Conforme se passavam os meses, aquilo fragmentava-se a uma doença compulsiva e tenebrosa.
Casei-me com George, pois não havia mais com quem me casar. Vivi com George, pois não havia mais com quem viver. Gradativamente, o meu ódio condensava-se e, depois de consideráveis anos ao seu lado, não suportei a sina perturbadora de compartilhar uma vida com ele. Ensandecida, minha mente teve a inexorável certeza prazerosa de um ato quase aliviante... enquanto adormecia, então, apanhei o canivete que guardava-mos na escrivaninha, com minhas mãos cerradas iguais ao olhos borbulhantes e quentes, enterreio-o, primeiramente, naqueles olhos ásperos que me gelavam a alma... em seqüência a língua endurecida que melava a minha com o beijo estranho que arrancava de minha quase virgem boca... a cada parte que usurpia de seu corpo, remetia-me a lembranças de George em minha vida murcha.
Envolvi cada pedaço de meu marido com as espumas fofas do interior do colchão. Seus olhos, porém, mergulham no vidro amarelado ao lado de minha cama. Aqueles mesmos olhos transbordando ferragens pontiagudas continuam, impressionantemente, com a mesma expressão. No entanto, irão continuar me olhando até eu deteriorar também.
George Losh ainda me olha, pois nesta velha e fria Inglaterra, não há mais quem me olhar... além de George Losh, não há mais...


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terça-feira, 29 de setembro de 2009

"Mutancionismos" térmicos



A alteração deste tempo desprendido se passa sobre mim. Não apenas sobre mim, evidentemente, mas, ainda assim, se passa. Parece arrastar e trazer as sensações tal como a temperatura transtornada e modificada que estamos vivendo. Pode, sim, parecer elucubração demais, ou algo tátil de menos. No entanto, surge-me a impressão de que as pessoas moldam seu estado de espírito conforme a sensação térmica.
Encantei-me ontem em contemplar olhares. Sim, olhares...olhares fortes. Já repararam como os olhares mudam no calor? A quentura se colidi com os olhos, exalando delicados frascos de paixão. A paixão! Ah... é tão quente que posso sentir passando por meus poros a sensação abafada e deliciosamente angustiada da paixão... para mim, seria pouco provável alguém conseguir explicar o fato de se apaixonar. É o outro lhe passando a quentura de dentro dele e penetrando-a através de sua pele... Ah! É tão abstrato e macio que, por vezes, chega a derreter em nossas mãos. Um olhar, por exemplo... certos olhares é possível apalpar em mãos, curtir a suavidade ou aspereza que lhe causa e, logo após, derretem-se também e, fundidos, colidem-se às lembranças.


Estou hoje abstrata demais, talvez? Ou derretida demais...! Sim, esta, por hora, seria a palavra essencialmente correta.


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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O canto do canto

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Faz muito tempo que fiz este texto, uns anos, pra ser mais exata. Bem, reconheço que está meio mal escrito e, principalmente, de difícil entendimento, meio confuso, rs. Entretanto, eu gosto dele e tem papel fundamental de uma fase boa da vida minha vida.
Se tiverem paciência para ler, meus queridos, fiquem à vontade. Afinal, não passam de balbucios rabiscados, e só... ;)





Tardes sujas e jovens

As folhas amareladas de Outono envolviam a brisa da tarde em meio a tantas conversas jogadas fora, e a muitos sons, tons e vozes com a música que emitia das cordas dos dois violões desafinados. As embalagens de cervejas e de pão sujavam a visão verde da natureza que nos rodeava. Assim como os pensamentos e vontades sujas, alguns cantos escureciam os sorrisos que queriam brilhar. No entanto, tudo era muito diferente de alguns outonos passados. Os risos e sorrisos de meus queridos companheiros eram mais maliciosos, embora que, em tudo isso, e em meio a tantas mudanças, eu sentia o amor amadurecido naquelas jovens velhas pessoas. Tudo que alguns de nós queríamos, na verdade, é que aquilo fosse tão puro e inocente quanto várias vezes achamos que realmente era, mas a cada vez que sentíamos o olhar um do outro, nos bastava para o conformismo de tudo ter mudado.
Na fala gritante de nossas conversas, os vinte reais surgem repentinamente, e é pouco. Os outros cinco reais surgem também em minhas mãos, já direcionados pelos olhos em fúrias e angustiados de meu amigo, mas ninguém se comove. Apenas eu e meus dois capetas, achamos que isso seria a coisa mais importante a partir dali, ou nem tão importante quanto parece, porém, em meio a aquela confusão, digamos que... necessário.
E assim, eu e meus capetas, nos contentamos com a parte chutada que nos restou. Não reclamamos. Continuamos ali com nosso segredo. A partir de então, não quis mais ver as outras pessoas que me rodeavam, antipáticas e apáticas com aquela fumaça verde na minha cara, e aquelas letras fora do ritmo que já não fazia sentido algum. Não pelo "Charlie", e nem por nada. É apenas mais uma de minhas loucuras, que essa, realmente, nem eu compreendo. Tudo o que queria, não era mais daquilo, nem daquele... era apenas o colo de amor que um de meus capetas oferecia, que então, o outro lado dele, era uma bela flor, exalando amor, e apenas amor. Sorte a minha, que minha menina, tem todas as coisas que eu mais desejo. E a hora que eu desejo, ela também deseja. E basta o tempo certo, para perceber, quando eu quero o capeta, e quando eu quero a flor.
Porém, são balbucios rabiscados de tardes balbuciadas...e só.

domingo, 27 de setembro de 2009

Isabelle em forma de amor



Isabelle acomodada ao banco da praça com o livro camoniano tapando a borda de seus olhos, atentou-se a um casal jovem que caminhava em meio a pessoas pseudo-existentes. Sua atenção logo abandonou Camões e, fixamente quente, observava o tal casal. Isabelle reparou a moça redondinha de bochechas rosadas e, ela, exuberava de tal forma seus sentimentos, que por seus poros exalavam doçura e amor.
Com o olhar ainda fixo, os olhos de Isabelle brilhavam e dançavam diante da cena e, quase que sem querer, seu cérebro foi convidado a dançar também. Aquelas imagens obstruindo sua mente lhe remetiam a mais verdades do que ela mesma desejaria saber. Lembrando-se de tantas lamentações iguais que já escutara, tantos suspiros, muitos xingamentos, incontáveis reconciliações. Isabelle, vendo os fragmentos avulsos em sua mente, percebeu o grande clichê que paira sobre os relacionamentos amorosos.
Oras, todas as formas de amar já se saturaram há tempos. Quando o indivíduo ama, ama com ternura e, sem exceção, o seu amor sempre será o maior. Mergulhados as nuvens doces da ternura, nunca absorvem tudo que lhes é necessário. Pois bem, quando absorvem, sofrem e sempre balbuciam as mesmas palavras tolas, as quais abominam a mentira, a traição e o mal desempenho sexual. Incontáveis nuvens de amor exalam isso o tempo inteiro e, massificados, se amam com peso e paixão novamente. Tudo se repete exatamente igual, e banal, e superficial... tão banal, talvez, como a própria mente de Isabelle, a qual não havia de fugir também deste maltrapilho de frases prontas.



Porém, são balbucios rabiscados e amores balbuciados...e só.

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Pai...


Debaixo das barbas douradas de tua sabedoria,
As meninas olhando fundo nos olhos de mel,
Embasbacam-se ao perceber teu universo,
Preenchido de palavras colididas em amor.
Magicamente, as palavras se transformam em sorrisos,
Sorrisos, estes, das crianças que, ao te ver, brilham os olhos.

Entre tais crianças se perdem os olhos de teus frutos,
Brilhando e incansavelmente orgulhosos de você.
Observando cada centímetro de tua genialidade,
Perdem-se no mar de tuas palavras doces,
Que soam tão bem quanto notas suaves de uma canção,
Ou mesmo como a bondade paternal de teu semblante.

Assim como a terra necessita de uma flor,
Os caminhos das meninas necessitam de teus passos,
Com o aroma confortável e curtido de teu saber.
Quase tudo que elas têm,
É muito mais do que sonharam pra si,
Pois os caminhos já foram semeados com amor,
Com a herança de teu farto e belo amor.



sábado, 26 de setembro de 2009

PoeIsa



Na gastura da ponta de meu lápis, direcionei estes olhos de cores indefinidas ao próprio. Observei-o e, como em uma nuvem doce sobre a minha cabeça, pairei em um ar de letras dançantes a contemplar minha mente, mente esta que...ah! Mal sei eu decifrá-la. Pois bem, permito que meus dedos, que juntam estes balbucios de palavras, expliquem melhor.


Uma mente em forma de poesia, por mais tentativas que aplique, jamais terá a óptica normal, como a de outras tantas pessoas que, sinceramente, os poetas invejam. A cama arrumada, assim como a mente...estas pessoas arrumam suas camas e arrumam suas mentes, pelo mesmo motivo com o qual são simples facilmente entendidas... Bem, ao menos aparentam. Os seres mergulhados ao lago de poesias, simples e suavemente, não conseguem manter compactada tal forma de sensibilidade. Aos olhos do poeta, tudo se transforma em rabiscos de uma folha de cetim.


O que importa, entretanto, quem é mais atípico ou não?


Afinal, são balbucios rabiscados...e só.