domingo, 27 de setembro de 2009

Isabelle em forma de amor



Isabelle acomodada ao banco da praça com o livro camoniano tapando a borda de seus olhos, atentou-se a um casal jovem que caminhava em meio a pessoas pseudo-existentes. Sua atenção logo abandonou Camões e, fixamente quente, observava o tal casal. Isabelle reparou a moça redondinha de bochechas rosadas e, ela, exuberava de tal forma seus sentimentos, que por seus poros exalavam doçura e amor.
Com o olhar ainda fixo, os olhos de Isabelle brilhavam e dançavam diante da cena e, quase que sem querer, seu cérebro foi convidado a dançar também. Aquelas imagens obstruindo sua mente lhe remetiam a mais verdades do que ela mesma desejaria saber. Lembrando-se de tantas lamentações iguais que já escutara, tantos suspiros, muitos xingamentos, incontáveis reconciliações. Isabelle, vendo os fragmentos avulsos em sua mente, percebeu o grande clichê que paira sobre os relacionamentos amorosos.
Oras, todas as formas de amar já se saturaram há tempos. Quando o indivíduo ama, ama com ternura e, sem exceção, o seu amor sempre será o maior. Mergulhados as nuvens doces da ternura, nunca absorvem tudo que lhes é necessário. Pois bem, quando absorvem, sofrem e sempre balbuciam as mesmas palavras tolas, as quais abominam a mentira, a traição e o mal desempenho sexual. Incontáveis nuvens de amor exalam isso o tempo inteiro e, massificados, se amam com peso e paixão novamente. Tudo se repete exatamente igual, e banal, e superficial... tão banal, talvez, como a própria mente de Isabelle, a qual não havia de fugir também deste maltrapilho de frases prontas.



Porém, são balbucios rabiscados e amores balbuciados...e só.

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