quinta-feira, 23 de julho de 2015

Criar

Apesar de aparentar fragilidade e muitas lágrimas transbordarem de mim, a força que tem crescido aqui dentro é insana, imensa. É como se todos os instintos, forças da natureza, faro animal despertassem em alta potência.
A mulher grávida não está frágil... Ela está mais sensível, mais artística, sincera, mais autocentrada, muito mais confiante - mesmo sentindo medo a todo momento - de errar, de não beber água o suficiente ou comer frutas e verduras o bastante para nutrir o bebê.
Engraçado, como a junção de dois espíritos habitando um só corpo pode ser uma experiência, realmente, Divina, transcendente e universal.
Ter um filho dentro de nós é, de repente, se dar conta disso, profundamente, e chorar, sentindo algo incrivelmente inédito dentro do peito, que nos rasga em uma imensidão inenarrável. Nos permite virar animais quando preciso, proteger e cuidar de nós mesmas como leoas, pois agora é disso que depende sua cria... Não há falta de cuidado pessoal ou autoestima baixa que não se renda a uma gravidez rodeada de amor. É querer ouvir apenas ao seu próprio instinto e a mais ninguém, porque naquele momento parece que você sabe exatamente o que será melhor pra vocês, em cada detalhe. É conseguir estipular o seu limite de espaço. É descobrir milhares de mulheres que existiam em você e você mal fazia ideia da existência delas...
Mas, principalmente, estar grávida é como a beleza e a paciência do Sol, que nasce todos os dias e, a cada nova manhã, proporciona uma única, linda e quente sensação de eternidade.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Ai, de mim!

Ai, que saudades de mim!
Onde será que me perdi?
Ai, de mim! Ai, de mim!

Por onde será que me deixei partir?
Por que deixei que me partissem assim?

Agora, onde estão os pedaços de mim?
Esquecidos. Embaralhados. Embaçados.
É o fim?

Ai, que saudades de mim!

Que arranquei membros vitais,
Distribuindo-os em outros corpos,
Ai, de mim! Ai, de mim!

Precisarei agora de meus velhos olhos,
Para, então, de novo encontrar
Esses pedaços espalhados por aí...
Procurarei e hei de achar!

A não ser que não os reconheça
com os mesmos olhos de outrora,
Precisarei não só de novos olhos,
Mas também de uma nova aurora.

Ai, que vontade de mim!

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Linhas da Vida









Me pegue pela mão, segure-a de maneira suave, doce... passe suas mãos nas palmas das minhas... e leia. Leia todas as linhas se entrelaçando, fundas ou rasas, como se pudesse ler minhas vontades, desejos, meu passado e meu futuro. Você sabe... sabe do que eu preciso. Por que então não faz? Por que não se importa em me surpreender, me matar de paixão e prazer? E se não se importa, por que não me deixa ir? Voar e mudar essas linhas que nunca mais vou deixar ninguém ler. Só você leu... e assim será, são suas. Minhas linhas são suas, passo das minhas mãos para as suas e você faz delas o que quiser. Mas não me devolva e nem me peça para entregá-las a outra pessoa. Não vou. Guarde-as em uma caixa, quem sabe. Enquanto isso eu desenho linhas novas em minhas mãos vazias. E quando você sentir saudades, abra a caixa, olhe-as, observe, reflita... se quer colocá-las em suas mãos e, então, tornar a segurar a minha para que, assim, minhas linhas se tornem nossas e nossos destinos sejam apenas um.

Poeta Embriagado








Gosto de ler os textos primeiro de traz pra frente. Primeiro a última estrofe, depois a penúltima, anti-penúltima e assim por diante. Depois dou uma passadela de olho no sentido normal e entendo perfeitamente o sentido, intenção, conceito e filosofia do texto. Parece que de trás para frente as mensagens subliminares saltam aos olhos.
Gosto de ver a TV de ponta cabeça imaginando que o queixo do ator seria o nariz e que a boca seria pra baixo. Gosto de colocar o espelho debaixo do nariz para parecer que estou andando no teto... Gosto de tudo do avesso, gosto da tontura e dos olhos embaçados. A imaginação flui, dança, sorri e desbrava esta cabecinha revirada de poetisa embriagada. SALUD!

Amo



Amo como se minha alma morresse de sede e fome. Amo como se pudesse ser dez, cem ou mil de mim mesma. Amo da única maneira que sei amar alguém: entregue, inteira, transbordada dos pés à cabeça, movida por uma constante e inconstante paleta multicolorida. Sim, uma enorme paleta repleta de lindas tintas. Agarro-a nas mãos, olho, observo... Entro em suas cores. Mergulho na azul e a pinto em seu rosto quando estou triste. Rosto, azul, tristeza, blue, dor, nu.
De repente, então, passa... Tudo passa. Passa o azul e te vejo de novo completamente nu. Fico entorpecida, apaixonada, louca.Te pinto todinho de vermelho e branco, com mil formas e beijos e mãos e faces. Mas então... Isso também passa. Fico séria, muito séria. Molho o pincel na água e te cubro da mais pura tinta preta. Nos olhos, na boca, nos poros, cotovelo, no nariz e na sola dos pés. Te deixo. Você caminha. E as manchas ficam marcadas no chão, em um caminho que eu escolhi marcar e você escolheu caminhar. Eu, então, olho o caminho marcado. Não quero. Assim não quero. Te levo para o chuveiro e toda a tinta escorre de seu rosto. Vejo seus olhos tristonhos.
Te abraço, beijo seus lábios... choro... termino de tirar toda a tinta preta. Dou o pincel em suas mãos. E volto a amar como se minha alma morresse de sede e fome. Amo como se pudesse ser dez, cem ou mil [...]

Adeus, Mutantes






Com um exagero RitaLeestico berro e me calo em fração de segundos. Paro e não paro de querer e não querer, fazer e não fazer, gozar e não gozar da vida que vou e não vou vivendo e não vivendo. Como numa mutante atmosfera mítica deixo que meu eu superior me arraste e me segure, para que minha mente não interfira mais com seus desejos do ego. Quero e não quero, escolho sem querer escolher, faço porque minha alma pede, mas meu coração sempre padece. Me deixo ir para que no fim do caminho a bifurcação seja e não seja, e que um único caminho cheinho de flores seja o único que me dê vontade de seguir. Adeus, Rita Lee. Adeus, Arnaldo. Saudades.