domingo, 1 de fevereiro de 2015

Amo



Amo como se minha alma morresse de sede e fome. Amo como se pudesse ser dez, cem ou mil de mim mesma. Amo da única maneira que sei amar alguém: entregue, inteira, transbordada dos pés à cabeça, movida por uma constante e inconstante paleta multicolorida. Sim, uma enorme paleta repleta de lindas tintas. Agarro-a nas mãos, olho, observo... Entro em suas cores. Mergulho na azul e a pinto em seu rosto quando estou triste. Rosto, azul, tristeza, blue, dor, nu.
De repente, então, passa... Tudo passa. Passa o azul e te vejo de novo completamente nu. Fico entorpecida, apaixonada, louca.Te pinto todinho de vermelho e branco, com mil formas e beijos e mãos e faces. Mas então... Isso também passa. Fico séria, muito séria. Molho o pincel na água e te cubro da mais pura tinta preta. Nos olhos, na boca, nos poros, cotovelo, no nariz e na sola dos pés. Te deixo. Você caminha. E as manchas ficam marcadas no chão, em um caminho que eu escolhi marcar e você escolheu caminhar. Eu, então, olho o caminho marcado. Não quero. Assim não quero. Te levo para o chuveiro e toda a tinta escorre de seu rosto. Vejo seus olhos tristonhos.
Te abraço, beijo seus lábios... choro... termino de tirar toda a tinta preta. Dou o pincel em suas mãos. E volto a amar como se minha alma morresse de sede e fome. Amo como se pudesse ser dez, cem ou mil [...]

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