domingo, 1 de fevereiro de 2015

Linhas da Vida









Me pegue pela mão, segure-a de maneira suave, doce... passe suas mãos nas palmas das minhas... e leia. Leia todas as linhas se entrelaçando, fundas ou rasas, como se pudesse ler minhas vontades, desejos, meu passado e meu futuro. Você sabe... sabe do que eu preciso. Por que então não faz? Por que não se importa em me surpreender, me matar de paixão e prazer? E se não se importa, por que não me deixa ir? Voar e mudar essas linhas que nunca mais vou deixar ninguém ler. Só você leu... e assim será, são suas. Minhas linhas são suas, passo das minhas mãos para as suas e você faz delas o que quiser. Mas não me devolva e nem me peça para entregá-las a outra pessoa. Não vou. Guarde-as em uma caixa, quem sabe. Enquanto isso eu desenho linhas novas em minhas mãos vazias. E quando você sentir saudades, abra a caixa, olhe-as, observe, reflita... se quer colocá-las em suas mãos e, então, tornar a segurar a minha para que, assim, minhas linhas se tornem nossas e nossos destinos sejam apenas um.

Poeta Embriagado








Gosto de ler os textos primeiro de traz pra frente. Primeiro a última estrofe, depois a penúltima, anti-penúltima e assim por diante. Depois dou uma passadela de olho no sentido normal e entendo perfeitamente o sentido, intenção, conceito e filosofia do texto. Parece que de trás para frente as mensagens subliminares saltam aos olhos.
Gosto de ver a TV de ponta cabeça imaginando que o queixo do ator seria o nariz e que a boca seria pra baixo. Gosto de colocar o espelho debaixo do nariz para parecer que estou andando no teto... Gosto de tudo do avesso, gosto da tontura e dos olhos embaçados. A imaginação flui, dança, sorri e desbrava esta cabecinha revirada de poetisa embriagada. SALUD!

Amo



Amo como se minha alma morresse de sede e fome. Amo como se pudesse ser dez, cem ou mil de mim mesma. Amo da única maneira que sei amar alguém: entregue, inteira, transbordada dos pés à cabeça, movida por uma constante e inconstante paleta multicolorida. Sim, uma enorme paleta repleta de lindas tintas. Agarro-a nas mãos, olho, observo... Entro em suas cores. Mergulho na azul e a pinto em seu rosto quando estou triste. Rosto, azul, tristeza, blue, dor, nu.
De repente, então, passa... Tudo passa. Passa o azul e te vejo de novo completamente nu. Fico entorpecida, apaixonada, louca.Te pinto todinho de vermelho e branco, com mil formas e beijos e mãos e faces. Mas então... Isso também passa. Fico séria, muito séria. Molho o pincel na água e te cubro da mais pura tinta preta. Nos olhos, na boca, nos poros, cotovelo, no nariz e na sola dos pés. Te deixo. Você caminha. E as manchas ficam marcadas no chão, em um caminho que eu escolhi marcar e você escolheu caminhar. Eu, então, olho o caminho marcado. Não quero. Assim não quero. Te levo para o chuveiro e toda a tinta escorre de seu rosto. Vejo seus olhos tristonhos.
Te abraço, beijo seus lábios... choro... termino de tirar toda a tinta preta. Dou o pincel em suas mãos. E volto a amar como se minha alma morresse de sede e fome. Amo como se pudesse ser dez, cem ou mil [...]

Adeus, Mutantes






Com um exagero RitaLeestico berro e me calo em fração de segundos. Paro e não paro de querer e não querer, fazer e não fazer, gozar e não gozar da vida que vou e não vou vivendo e não vivendo. Como numa mutante atmosfera mítica deixo que meu eu superior me arraste e me segure, para que minha mente não interfira mais com seus desejos do ego. Quero e não quero, escolho sem querer escolher, faço porque minha alma pede, mas meu coração sempre padece. Me deixo ir para que no fim do caminho a bifurcação seja e não seja, e que um único caminho cheinho de flores seja o único que me dê vontade de seguir. Adeus, Rita Lee. Adeus, Arnaldo. Saudades.